15 de Julho dia de São Boaventura, natural de Bagnoregio, “a cidade onde também encontrou seu fim”, nas proximidades de Viterbo.
Origem
João Fidanza era filho de um médico. Desde cedo, ele ouviu que não desejava seguir a profissão do pai. De acordo com uma lenda, que também explica sua escolha de nome religioso, o encontro com São Francisco de Assis teve um impacto decisivo em sua vida. Na verdade, quando era criança, o Santo o curou de uma doença grave, fazendo o sinal da cruz em sua testa e exclamando: “Oh! boa ventura!”.
Vida Franciscana
Aos 18 anos, ele foi estudar em Paris, onde ingressou na Ordem dos Frades Menores. Após concluir seus estudos em 1253, tornou-se magister (Professor) e, dessa forma, santificou-se ao explicar os mistérios divinos. Assim, obteve a licença para ensinar teologia. Abraçou a vida franciscana, onde ele foi fiel até sua morte.
Tensão no início da Idade Média
Naquela época, uma terrível luta interna eclodiu entre os professores seculares e os membros das Ordens mendicantes, que por algum tempo não foram reconhecidos pelas universidades. Essa rivalidade teve início no início da Idade Média, quando, no século XII, a Igreja condenou os movimentos religiosos do pauperismo como hereges, até que o Papa Inocêncio III os incluiu no corpo eclesiástico sob a dependência direta do Papado. No entanto, em 1254, a tensão ressurgiu com a publicação de uma obra que profetizava o advento de uma nova Igreja, fundada na pobreza, que se concretizaria em 1260.
Histórias de São Francisco
Em 1257, Frei Boaventura tornou-se Ministro Geral dos Frades Menores, cargo que o obrigou a abandonar o ensino e realizar viagens por toda a Europa. Em 1260, ele escreveu uma nova biografia de São Francisco, intitulada “A Legenda Maior”, que substituiu todas as biografias existentes e tinha como objetivo fortalecer a unidade da Ordem, que já contava com 30 mil frades, ameaçada tanto pelas culturas espirituais quanto pelas tendências mundanas. Giotto inspirou-se nessa obra para pintar a série de “Histórias de São Francisco”.
Concílio de Lyon
Em 1271, ao retornar a Viterbo, ele ofereceu sua contribuição para a resolução do famoso Conclave, o mais longo da história, que elegeu seu amigo Gregório X como Papa. Dois anos depois, esse Papa o consagrou Bispo de Albano e Cardeal, confiando-lhe a tarefa de organizar um Concílio em Lyon para promover a unidade entre a Igreja latina e a Igreja grega. Foi durante esse Concílio que Boaventura faleceu em 1274, depois de fazer duas intervenções.
Doutor da Igreja
Em 1588, o Papa Sisto V o incluiu entre os Doutores da Igreja, um grupo que, na época, contava com seis membros, junto com São Tomás de Aquino. Boaventura recebeu o título de Doutor seráfico, enquanto Tomás foi chamado de Doutor angélico. Sua contribuição para a doutrina teológica foi extremamente importante. Partindo principalmente do pensamento de Santo Agostinho, ele enfatizou a necessidade de submeter a filosofia à teologia, uma vez que o objetivo desta última é Deus. Assim, a filosofia pode apenas ajudar na busca humana por Deus, levando o homem de volta à sua dimensão interior – a alma – para conduzi-lo a Deus.
São Boaventura afirmava ainda que Cristo é o caminho de todas as ciências, e somente a Verdade revelada pode fortalecê-las e unificá-las em direção ao objetivo perfeito e único, que é o conhecimento de Deus. Por essa razão, o Santo, que defende a tradição patrística e se opunha ao aristotelismo, concluiu que o único conhecimento verdadeiro só pode ser alcançado pelo meio da contemplação.
A expressão da Santíssima Trindade no mundo
A contribuição de São Boaventura para a teologia trinitária também foi significativa, seguindo uma tradição agostiniana. Na prática, ele afirmava que o mundo era uma espécie de livro no qual a Trindade se revela, pois foi criado por ela. Portanto, Deus, Uno e Trino, está presente como “vestígio” ou sinal em todos os seres animados e inanimados. Ele se manifesta como “imagem” nas criaturas dotadas de inteligência, como o ser humano, e como “semelhança” nas criaturas justas e santas, tocadas pela Graça e animadas pelas virtudes da fé, esperança e caridade, que as tornam filhos de Deus.
E neste 15 de Julho, pedimos a intercessão de São Boaventura junto a Deus Pai, para que possamos ter a sabedoria de assimilar as palavras que Deus nos fala através das nossas orações. São Boaventura rogai por nós!
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